Menina Estela vivia em Agruela
Tinha 77 anos e uma vela
Que levava sempre à missa
- era premissa -
Dançava ao som da panela de pressão
De medir a tensão, descompressada
Sem a pressa desenfreada, coitada
De quem tem um coração.
Bebia copos de vinho tinto
No café do Jacinto
Nunca casou nem amuou
Com os homens que bem amou.
Menina Estela ficava à janela
A ver passar a procissão
E os andores forrados de flanela
Que a inspiravam nas noites de costura e solidão.
Coseu o fato que a levou ao salão
No momento da comunhão
E bordou o manto de oiro e paixão
Que a acompanhou ao caixão.
(À Perpétua, menina avó, que me ensinou a voar. Guardava no quarto dos sonhos uma mala de verniz preto, fato inteiro para o dia completo, sempre fiel ao seu amor)
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