terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

A primeira flor

Transplantei a primeira flor
Botão de rosa amargurado
De vermelho pálido pintado

Não procurei chuva de prata
Enterrá-la em vasos de lata?
Mil vezes bocas de leão!

Que hei-de fazer?
Diz-me tu, oh homem que regas!
[E esse segredo carregas]

Bebericam-te as pontas dos dedos
Essas flores viçosas
Como se lhe oferecesses a vida.

Que hei-de fazer?
Se o caule não ficou bem profundo?
Se a raiz solta não a fizer vingar?

Um ramo de gardénias
Te entregarei
A ti que és rei

Enquanto não - parto à procura dos jacintos
Que tingem os rios
Mancha azul num mar de tangos

Transplantei a primeira flor
Roseira brava à procura do amor
Mas não do primeiro.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

'Beija-me como se não houvesse amanhã'

'Beija-me como se não houvesse amanhã'

É um vidro rasgado
na casa de banho em limpeza
de um velho armazém do Chiado.

No dia dos namorados - rosas vermelhas
Na 'down town lisboeta' não escapa nem o forreta.

Não é dia de folga para a Olga,
as tardes são passadas a lavar escadas.

Rosas vermelhas e turistas
E a rapariga passou sem dar nas vistas.