terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

A primeira flor

Transplantei a primeira flor
Botão de rosa amargurado
De vermelho pálido pintado

Não procurei chuva de prata
Enterrá-la em vasos de lata?
Mil vezes bocas de leão!

Que hei-de fazer?
Diz-me tu, oh homem que regas!
[E esse segredo carregas]

Bebericam-te as pontas dos dedos
Essas flores viçosas
Como se lhe oferecesses a vida.

Que hei-de fazer?
Se o caule não ficou bem profundo?
Se a raiz solta não a fizer vingar?

Um ramo de gardénias
Te entregarei
A ti que és rei

Enquanto não - parto à procura dos jacintos
Que tingem os rios
Mancha azul num mar de tangos

Transplantei a primeira flor
Roseira brava à procura do amor
Mas não do primeiro.

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